A campanha do Setembro Amarelo, iniciativa do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Centro de Valorização da Vida (CVV) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) é realizada para alertar e conscientizar a população brasileira sobre o suicídio, e para orientar para o diagnóstico precoce diagnóstico e o tratamento de transtornos mentais, tendo em vista o fato de o suicídio estar frequentemente associado ao adoecimento psíquico.
Dados sobre suicídio
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. Já ao que se refere às tentativas, uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos. Em termos numéricos, calcula-se que aproximadamente um milhão de casos de óbitos por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. No Brasil, os casos passam de 12 mil, mas sabe-se que esse número é bem maior devido à subnotificação, que ainda é uma realidade. Desse total, cerca de 96,8% estão relacionados a transtornos mentais, como por exemplo, depressão, transtorno bipolar e uso nocivo e/ou dependente de substâncias psicoativas. Esse cenário preocupante serve de alerta para que a saúde mental seja um tema importante para a saúde pública.
Como você pode ajudar: É preciso encorajar as pessoas a falarem sobre seus sentimentos e os problemas da vida. Escute o que elas têm a dizer, tenha empatia e, sempre que possível, oriente uma consulta ao médico psiquiatra.
Suicídio e transtornos mentais
Estudos apontam que quase a totalidade dos óbitos por suicídio estão associados a um transtorno psiquiátrico que não foi tratado adequadamente ou sequer identificado e acompanhado.
Considerando a forte relação entre suicídio e doenças mentais, não poderíamos deixar de mencionar, também, os dados relativos à depressão. Segundo pesquisa realizada em 2017, pela Universidade de São Paulo, 41% dos alunos de medicina no Brasil sofrem com a doença. E, se na faculdade os estudantes apresentam uma mente adoecida, na vida profissional a situação nem sempre é diferente. Isso porque, além da depressão, os médicos estão entre os profissionais que mais são acometidos pela chamada Síndrome de Burnout (Síndrome do Esgotamento Profissional). A pressão excessiva no trabalho, a competitividade e o senso de responsabilidade, bem como a intensa demanda levam os médicos a um quadro de exaustão extrema, bem como ao estresse e esgotamento físico. Por isso é tão importante o acompanhamento de um especialista: para que seja dado o diagnóstico e tratamento corretos, contribuindo para a redução desses números tão alarmantes.
Profissionais da saúde
É importante destacar que o suicídio é uma preocupante realidade mesmo entre os profissionais da saúde. De acordo com dados do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), o número de suicídios entre médicos é 40% maior do que entre população em geral. O Sindicato também aponta que as áreas de anestesia e psiquiatria são as mais vulneráveis, uma vez que manuseiam substâncias letais, costumeiramente. Esses dados mostram o quão imperativo é que toda a população, incluindo a comunidade médica, receba suporte profissional para prevenir uma medida extrema e sem volta.
Mitos sobre suicídio
Os mitos sobre o suicídio prejudicam a ajuda às pessoas que cogitam concretizá-lo. Veja quais são para que possa socorrer a quem precisa:
1. O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso.
FALSO. Apesar de parecer um ato de impulsividade, o suicídio pode já ter sido considerado. Muitos indivíduos emitem algum tipo de mensagem sobre a intenção de cometer esse ato.
2. Pessoas que sobrevivem a uma tentativa de suicídio ou que aparentam estar melhores em relação a intenção de tirar a vida estão fora de perigo.
FALSO. Algumas pessoas podem se sentir melhor com o fato de terem decidido tirar a vida. Além disso, um dos momentos mais perigosos é logo após uma crise ou quando o paciente está no hospital, após realizar uma tentativa. Na semana que sucede à alta hospitalar, ele está fragilizado, vulnerável e em risco.
3. O risco do suicídio existe para o resto da vida.
FALSO. Os pacientes podem ser tratados de maneira eficaz.
4. Quem ameaça está apenas querendo chamar a atenção.
FALSO. Muitos indivíduos dão sinais comportamentais e relatam para mais de uma pessoa, inclusive agentes de saúde, sobre a intenção de cometer o suicídio.
5. O suicídio é hereditário.
FALSO. Não é possível associar todos os atos suicidas à hereditariedade. No entanto, o histórico familiar de suicídio é sim fator de risco a ser considerado, especialmente, quando há casos de depressão na família.
6. Os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre algum transtorno mental.
FALSO. Apesar de os comportamentos suicidas estarem associados à depressão, transtornos mentais e abuso de substâncias, não se pode descartar outros fatores, visto que há casos em que nenhuma transtorno mental foi detectado.
7. As crianças não cometem suicídio, pois não entendem a consequência do ato e são incapazes de fazer algo contra a própria vida.
FALSO. Apesar de raro, as crianças podem cometer suicídio. O importante é lembrar que qualquer gesto, seja na infância, adolescência ou vida adulta, deve ser levado a sério. Em 2015, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, registrou 1.537 suicídios entre os homens e 524 entre as mulheres com idades entre 15 e 19 anos.
8. Falar sobre suicídio aumenta o risco.
FALSO. A informação é a melhor ferramenta para ajudar as pessoas em risco. Além disso, a conversa pode aliviar a angústia e a tensão geradas por esses pensamentos.
Saiba mais sobre o assunto em:
Cartilha Suicídio: Informando para prevenir
Carta aos pais: Automutilação e suicídio
Cartilha: Informações importantes sobre doenças mentais e suicídio
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